A História dos Cuidados Paliativos no Brasil / The History of Palliative Care in Brazil
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Abstract
É nossa intenção, talvez pela vez primeira no Brasil, descrever o início da aplicação da filosofia de CUIDAR, à qual se devem ater os profissionais da saúde.
“CUIDAR e CURAR não são ações antagônicas, mas sim simbióticas”
(Derek Doyle).
A cura nem sempre é possível, notadamente nas doenças crônicas, a despeito de todo o estupendo progresso tecnológico e quimiofarmacêutico desenvolvido a partir da II Guerra Mundial. Todavia o cuidar é sempre possível em todas as doenças crônicas, e mesmo nas agudas.
O segredo do cuidar é que ele se volta para as quatro dimensões do homem: o físico, o mental, o espiritual e o social. Para tanto, o cuidar necessita da ação conjunta e bem coordenada de vários profissionais. Na verdade, os
Cuidados Paliativos usam de ações “holísticas” e não somente científicas. Acima de tudo preza-se a qualidade de vida do ser humano. A morte é enfrentada com dignidade e busca-se o controle de todos os sintomas das várias dimensões do doente.
Essa nova atitude perante o sofrimento humano deve-se a duas extraordinárias e sensíveis mulheres, a partir da década de 1960: a psiquiatra suíça Elizabeth Kübler-Ross, a pioneira da Tanatologia (estudo da morte), e a inglesa Dame Cicely Saunders (enfermeira, assistente social e médica oncologista), que ressuscitaram o humanismo do homem para com o homem.
No Brasil o pioneirismo veio de Porto Alegre (RS), com a Profa. Dra. Miriam Martelete, anestesiologista da FMUFPA que em 1979 fundou o Serviço de Dor no Hospital de Clínicas, e em 1983 o Serviço de Cuidados Paliativos.
Em seguida, na cidade de São Paulo (SP), o médico fisiatra Dr. Antonio Carlos Camargo de Andrade Filho fundou o Serviço de Dor da Santa Casa em 1983 e em 1986 o de Cuidados Paliativos. Dr. Camargo estudou em Liverpool (RU) e de lá veio com bolsas do British Council para enviar outros brasileiros (enfermeiras) para estágio na mesma cidade.
Depois seguiu-se o Instituto Nacional do Câncer com o GESTO (Grupo Especial de Suporte Terapêutico Oncológico) no Rio de Janeiro, em 1989.
De lá em diante, as unidades de CP iniciaram uma lenta disseminação pelo Brasil. Eu mesmo identifiquei, de 1997 até 2000, 43 Serviços no Brasil (2 destes já não mais existem). Numa varredura recente na internet, encontrei outras em universidades federais e privadas, em alguns hospitais filantrópicos e em instituições estaduais e municipais. Algumas clínicas privadas de oncologia proclamam que realizam cuidados paliativos. Que tipo e qualidade de atendimento é este, não é possível avaliar.
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