O uso de medicamentos por mulheres privadas de liberdade: um estudo exploratório

Conteúdo do artigo principal

Renata Aparecida de Lima Ribeiro
Letícia Guedes Morais Gonzaga de Souza
Isadora Lulio
Maria Emília Martins Mazoni de Miranda
Mara Luiza de Paiva Domingues
Carina Carvalho Silvestre

Resumo

Objetivo: Investigar o uso de medicamentos por mulheres privadas de liberdade em um município do leste de Minas Gerais. Método: A pesquisa foi realizada em três etapas: (I) investigação documental, (II) análise de prontuários e(III) aplicação de questionários semiestruturados. Participaram do estudo mulheres privadas de liberdade inseridas no sistema carcerário avaliado. A pesquisa foi realizada entre junho de 2020 a junho de 2021. Resultado: Dezessetemulheres privadas de liberdade participaram do estudo, em sua maioria de cor preta e parda (88,24%), entre 30-49 anos (n = 9; 52,9%) e que utilizavam um total de 56 medicamentos diferentes, sendo a classe dos psicotrópicos a mais prevalente (n = 28; 50%), seguido de fármacos do sistema cardiovascular (n = 15; 26,8%). Conclusão: Os medicamentos maisutilizados pelas participantes do estudo pertenciam à classe dos antidepressivos e antiepilépticos. Além disso, os prontuários das mulheres careciam de informações cruciais sobre o uso de medicamentos. Estes dados somados a dificuldades no acesso ressaltam a importância do cumprimento das políticas públicas em prol da assistência integral à saúde das mulheres privadas de liberdade, em especial direito ao acesso e uso racional de medicamentos.



Detalhes do artigo

Como Citar
1.
Aparecida de Lima Ribeiro R, Guedes Morais Gonzaga de Souza L, Lulio I, Martins Mazoni de Miranda ME, de Paiva Domingues ML, Carvalho Silvestre C. O uso de medicamentos por mulheres privadas de liberdade: um estudo exploratório. HSJ [Internet]. 14º de maio de 2024 [citado 30º de junho de 2024];14(1):e1491. Disponível em: https://portalrcs.hcitajuba.org.br/index.php/rcsfmit_zero/article/view/hsjhci.v14.2024.e1491
Seção
ARTIGO ORIGINAL

Referências

1. Watson R, Stimpson A, Hostick T. Prison health care: a review of the literature. Int J Nurs Stud 2004;41(2):119-28. http://doi. org/10.1016/S0020-7489(03)00128-7. PMid:14725776.
2. WPB: World Prison Brief [Internet]. Brazil. London: World Prison Brief; 2022 [cited 2022 Nov 26]. Available from: https:// www.prisonstudies.org/country/brazil.
3. Jaramillo NM. Uso Racional de medicamentos: fundamentação em condutas terapêuticas e nos macroprocessos da Assistência farmacêutica. Revista Organização Pan-americana da Saúde. 2015:1-4.
4. Ofori-Asenso R, Agyeman A. Irrational use of medicines—a summary of key concepts. Pharmacy (Basel) 2016;4(4):35. http://doi.org/10.3390/pharmacy4040035. PMid:28970408.
5. Job F No, Miranda RB, Coelho RDA, Gonçalves CP, Zandonade E, Miranda AE. Health morbidity in Brazilian prisons: a time trends study from national databases. BMJ Open 2019;9(5):1-8. http://doi.org/10.1136/bmjopen-2018-026853. PMid:31061044.
6. Cardins KKB, Freitas CHS M, Simões MO S, Costa GMC. Acesso e uso racional de medicamentos no sistema prisional da Paraíba. Esc Anna Nery 2019;23(2):1-9.
7. Curran J, Saloner B, Winkelman NA, Alexander GC. Estimated use of prescription medications among individuals incarcerated in jails and state prisons in the US. JAMA Health Forum 2023;4(4):e230482. http://doi.org/10.1001/ jamahealthforum.2023.0482. PMid:37058293.
8. Hawks L, Wang E. Medication Access in Prisons and Jails—Some Answers, More Questions. JAMA Health Forum 2023;4(4):e230167. http://doi.org/10.1001/ jamahealthforum.2023.0167. PMid:37058295.
9. de Araújo PF, Kerr LRFS, Kendall C, Rutherford GW, Seal DW, da Justa Pires R No, et al. Behind bars: the burden of being a woman in Brazilian prisons. BMC Int Health Hum Rights 2020;20(1):1-9. http://doi.org/10.1186/s12914-020-00247-7. PMid:31924210.
10. Al-Rousan T, Rubenstein L, Sieleni B, Deol H, Wallace RB. Inside the nation’s largest mental health institution: A prevalence study in a state prison system. BMC Public Health 2017;17(1):1-9. http://doi.org/10.1186/s12889-017-4257-0. PMid:28427371.
11. Van Hout MC, Mhlanga-Gunda R. Contemporary women prisoners health experiences, unique prison health care needs and health outcomes in Sub Sahara Africa. BMC Int Health Hum Rights 2018;18:31. https://doi.org/10.1186/s12914-018-0170-6.
12. Malta M, Cardoso LO, Bastos FI, Magnanini MMF, da Silva CMFP. Iniciativa STROBE: subsídios para a comunicação de estudos observacionais. Rev Saude Publica 2010;44(3):559-65. http:// doi.org/10.1590/S0034-89102010000300021. PMid:20549022.
13. de Aquino LCD, de Souza BG, Laurindo CR, Leite ICG, da Cruz DT. Autoavaliação ruim do estado de saúde: prevalência e fatores associados em mulheres privadas de liberdade. Esc Anna Nery 2022;26:1-12. http://doi.org/10.1590/2177-9465- ean-2021-0275.
14. Nicolau AIO, Ribeiro SS, Lessa PRA, Monte AS, De Do Ferreira RCN, Pinheiro AKB. A picture of the socioeconomic and sexual reality of women prisoners. Acta Paul Enferm 2012;25(3):386- 92. http://doi.org/10.1590/S0103-21002012000300011.
15. Carvalho da Graça B, de Melo Mariano M, de Jesus Xavier Gusmão MA, Fernandes Cabral J, Ferreira do Nascimento V, Souza Gleriano J, et al. Dificuldades das mulheres privadas de liberdade no acesso aos serviços de saúde. Rev Bras em Promoção da Saúde 2018;31(2):1-9. http://doi.org/10.5020/18061230.2018.7374.
16. Oliveira RS, Schaefer R, Hamilko HCC, dos Santos DVD, Stefanello S. A questão de gênero na percepção do processo saúde-doença de pessoas privadas de liberdade em delegacias. Interface - Comun Saúde Educ 2021;25:1-17.
17. Bentley KJ, Casey RC. Incarcerated women’s experiences and beliefs about psychotropic medication: An empirical study. Psychiatr Serv 2017;68(4):384-9. http://doi.org/10.1176/appi. ps.201600078. PMid:27903143.
18. Bispo JF, Pedrosa TMM, Belo FMP, Cezário LA, Mendonça AL, de França AMB, et al. Perfil de saúde física e mental de homens e mulheres privados de liberdade: um estudo comparativo. Rev Eletrônica Acervo Saúde 2021;13(9):e8532. http://doi. org/10.25248/reas.e8532.2021.
19. Marega G, Shima VTB, Teston APM. O uso de psicofármacos no sistema prisional: um trabalho de revisão. Brazilian J Dev 2020;6(10):79888-905. http://doi.org/10.34117/bjdv6n10-422.
20. Feitosa RMM, Vieira VVG, Cabral SAR, de Andrade DS, de Freitas LHM. Caracterização dos diagnósticos e psicotrópicos das pessoas privadas de liberdade. Rev Enferm Atual Derme 2019;87(25):1-8. http://doi.org/10.31011/reaid-2019-v.87-n.25- art.202.
21. Abreu MA, Rolim VE, Silva CRDV. Uso de psicofármacos por mulheres privadas de liberdade. Rev Pesqui Interdiscip 2017;2(2):945-8. http://doi.org/10.24219/rpi.v2i2.337.
22. Serra RM, Ribeiro LC, Ferreira JBB, dos Santos LL. Prevalência de doenças crônicas não transmissíveis no sistema prisional: um desafio para a saúde pública. Cien Saude Colet 2022;27(12):4475- 84. http://doi.org/10.1590/1413-812320222712.10072022en. PMid:36383861.
23. Medeiros MM, Santos AAP, Oliveira KRV, Silva JKAM, Silva NAS, Anunciação BMG. Panorama of health conditions in a female prison of northeast Brazil. Rev Pesqui Cuid é Fundam Online 2021;13:1060-7. https://doi.org/10.9789/2175-5361.rpcfo. v13.9962.
24. Cardins KKB, Freitas CHSM, Costa GMC. Dispensação de medica¬mentos no sistema prisional: garantia de assistência farmacêu¬tica? Medicine dispensation in the prison system: is pharma¬ceutical care assured? Cien Saude Colet 2022;27(12):4589-98. PMid:36383872.
25. Bhat A, Gunther M, Bungard TJ, MacLennan S, Taube K, Macek P. Clinical pharmacist services on admission to a large correctional center. J Correct Health Care 2020;26(2):105-12. http://doi. org/10.1177/1078345820921145. PMid:32390542.
26. Flora SM, Possagno GCH, Baldissera VDA, Girotto E, Adequação E. Validação de indicadores de assistência farmacêutica no sistema penitenciário. Rev Baiana Saúde Pública 2020;44(1):22-40. http://doi.org/10.22278/2318-2660.2020.v44.n1.a3192.
27. Coelho HC, Silva JDN, Abreu LC, Cespedes VM. A inserção de estudantes de medicina no espaço prisional: relato de experiência de ações de promoção em um presídio paulista. Manuscripta Medica 2020;3:53-9.
28. Schultz ÁLV, Dotta RM, Stock BS, Dias MTG. A precarização do trabalho no contexto da atenção primária à saúde no sistema prisional Work precarization in the prison system’ s primary health care. Cien Saude Colet 2022;27(12):4407-14. PMid:36383854.
29. Oliveira RS, Hamilko HCC, Schaefer R, dos Santos DVD, de Albuquerque GSC, Stefanello S. Cômodo do inferno: acesso à Atenção Básica em duas delegacias de uma grande cidade brasileira. Interface - Comun Saúde Educ 2020;24(suppl 1):1-15.
30. Lôbo NMN, Portela MC, Sanchez AAMMR. Sanchez AAMMR. Análise do cuidado em saúde no sistema prisional do Pará, Brasil. Cien Saude Colet 2022;27(12):4423-4423. http://doi. org/10.1590/1413-812320222712.10212022. PMid:36383856.
31. Cardins KKB. Assistência farmacêutica em unidades prisionais na Paraíba. Campina Grande: Universidade Estadual da Paraíba; 2017.