Autointoxicação feminina por medicamentos registradas em um centro de assistência toxicológica

Conteúdo do artigo principal

Maria Beatriz de Sousa
https://orcid.org/0000-0003-4379-3162
Renata Sano Lini
https://orcid.org/0000-0002-6161-2225
Magda Lúcia Félix de Oliveira
https://orcid.org/0000-0003-4095-9382
Simone Aparecida Galerani Mossini
https://orcid.org/0000-0001-9535-0983

Resumo

Objetivo: Analisar os dados de fichas epidemiológicas de notificações de autointoxicação registradas em um centro de assistência toxicológica. Métodos: Estudo exploratório, descritivo e retrospectivo com análise de dados secundários, realizado a partir da auditoria em fichas de Notificação e de Atendimento de Ocorrências Toxicológicas, referentes ao período de 2014 a 2018, arquivadas em um centro de informação e assistência toxicológica, localizado em um município na região Sul do Brasil. Os dados obtidos foram compilados em planilhas e analisados por estatística descritiva simples. Resultados: Foram auditadas 2.942 fichas epidemiológicas de autointoxicação de mulheres, 72,0% do total de casos do período estudado. A faixa etária predominante foi de menor de 18 a 29 anos com 1697 (57,7%) casos. O principal agente tóxico foi o medicamento, como único agente da intoxicação em 2.358 casos (80,1%). Medicamentos psicotrópicos representaram 55,2% (1.593) dos casos, principalmente os antiepiléticos e psicoanalépticos. O clonazepam esteve presente em 567 (35,6%) tentativas de suicídio e como único agente em 275 (17,3%) delas. Em 873 casos (54,8%) foi informado transtorno mental, em 546 (34,3%) tentativa de suicídio anterior e 1.082 (67,9%) uso contínuo de medicação psicotrópica. O principal desfecho foi alta hospitalar em 1.239 casos (77,8%). Conclusão: O estudo apontou crescimento de casos de autointoxicação feminina ao longo do período estudado. A alta porcentagem de autointoxicação com medicamentos psicotrópicos pode estar relacionada com a facilidade de acesso nos domicílios e à medicalização da sociedade.



Detalhes do artigo

Como Citar
1.
Sousa MB de, Lini RS, de Oliveira MLF, Mossini SAG. Autointoxicação feminina por medicamentos registradas em um centro de assistência toxicológica. HSJ [Internet]. 9º de março de 2021 [citado 3º de julho de 2024];11(1):14-1. Disponível em: https://portalrcs.hcitajuba.org.br/index.php/rcsfmit_zero/article/view/993
Seção
ARTIGO ORIGINAL
Biografia do Autor

Maria Beatriz de Sousa, Universidade Estadual de Maringá

Farmacêutica e especialista em Urgência e Emergência com ênfase em Farmácia pela Universidade Estadual de Maringá, Maringá, PR, Brasil.

Renata Sano Lini, Universidade Estadual de Maringá

Farmacêutica, especialista em Gestão em Saúde e Mestre em Biociências e Fisiopatologia pela Universidade Estadual de Maringá, Maringá, PR, Brasil. Atualmente é doutoranda do programa de Biociências e Fisiopatologia.

Magda Lúcia Félix de Oliveira, Universidade Estadual de Maringá

Enfermeira, doutora em Saúde Coletiva pela Universidade Estadual de Campinas. Atualmente é professora do programa de Pós-Graduação em Enfermagem da Universidade Estadual de Maringá e coordenadora do Centro de Controle de Intoxicações do Hospital Universitário de Maringá, PR, Brasil. Atua na área de Saúde Coletiva e Enfermagem em Saúde Pública, com ênfase em Estudos de Controle de Intoxicações e Drogas de Abuso.

Simone Aparecida Galerani Mossini, Universidade Estadual de Maringá

Farmacêutica, doutora em Ciências Biológicas pela Universidade Estadual de Maringá, atualmente é professora do Programa de Pós-Graduação em Biociências e Fisiopatologia da Universidade Estadual de Maringá, Maringá, PR, Brasil. Trabalha com educação de graduação e pós-graduação, com experiência em estudos de Toxicologia Social e Análises Toxicológicas.

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